O que pensam os diferentes credos “Meu Deus é você, e minha religião é o amor” - Resposta de Teresa de Calcutá ao ser indagada por um paciente portador de chagas pelo corpo, que ela fraternalmente beijou: “Qual a sua Religião?”
Como pensa a Igreja de Bento 16Na Inglaterra, um ex-jornalista, que estudou na Universidade de Oxford, e alcançou o grau de Mestrado em Literatura Inglesa, hoje com 51 anos de idade, membro do mosteiro beneditino Christ is the King (Cristo é o Rei), fundou e se tornou líder espiritual da Comunidade Mundial de Meditação Cristã (The World Community for Christian Meditation), de natureza ecumênica, que possui 27 centros de meditação em todo o mundo. Seu nome, Dom Laurence Freeman, monge da Ordem de São Bento - OBS (denominado beneditino), um peregrino do Ecumenismo, que já viajou a diversos países e encontrou-se várias vezes com o líder oriental Dalai Lama, com quem também praticou a meditação e mantém relacionamento fraterno. Em entrevista que concedeu numa de suas vindas ao Brasil, Dom Laurence disse que “a meditação é universal, existe em todas as religiões. Ela une a cabeça ao coração. O silêncio, a tranqüilidade e a simplicidade são elementos que permitem o encontro com a presença de Deus de uma maneira que tenha significado, forma e propósito para tudo o que vamos fazer e para tudo o que somos”. Dom Laurence reconhece “há diferentes formas de se chegar a Deus” e que “nos últimos anos houve uma retomada cristã muito grande”. Essa liderança internacional que o famoso monge beneditino inglês assumiu dentro da Igreja Católica Romana, na verdade, impulsiona em nossos dias os ideais superiores do Pontífice João 23 expressos no Concílio Vaticano 2º, que instituiu, no âmbito dos católicos, o diálogo inter-religioso entre as religiões, posteriormente confirmado pelo Papa João Paulo 2º, o primeiro a pregar numa igreja luterana e numa mesquita, e, também, o primeiro a visitar o Muro das Lamentações em reiteradas manifestações em favor de uma aproximação fraterna das religiões. O teólogo católico Dom Brian Farell, em manifestação ao público de seu credo, disse que é recomendada “a instituição de Comissões Ecumênicas em todas as Dioceses, e aos níveis nacionais e regionais, ou pelo menos a designação em cada Diocese, de um delegado encarregado de promover o espírito ecumênico e os relacionamentos intereclesiais”. O ecumenismo não é um liquidificador Porém, o veterano bispo-auxiliar do Rio de Janeiro, Dom João D’Ávila, hoje com 86 anos, que até recentemente trabalhava no Palácio São Joaquim, ao lado do Cardeal, em entrevista que concedeu a um jornal de paróquia há alguns anos, advertiu: “A doutrina da caridade exige que olhemos a todos como irmãos. O ecumenismo é uma resposta ao desejo de Jesus de que todos sejamos um. Mas essa unidade não se consegue de repente: exige sacrifício. O ecumenismo, porém, não é uma espécie de liquidificador, em que se põem dentro todas as religiões e sai uma mistura. O ecumenismo parte da afirmação de que queremos a revelação trazida por Jesus”. E aqui reside uma questão fundamental, que muita gente lida com confusão de entendimento. Ecumenismo é a união na convergência, deixando-se de lado as divergências, que devem ser substituídas pelo diálogo fraterno e pelo respeito. O atual Pontífice Bento 16 reafirmou, em abril de 2004, como objetivos importantes de seu pontificado, o diálogo ecumênico para avançar na direção da unidade dos cristãos e o diálogo local e internacional com outras religiões. Aos representantes de outras religiões o Papa Bento 16 expressou seu desejo de "continuar construindo pontes de amizade”. Este o pensamento, ou, pelo menos, a posição oficial da Igreja Católica, a Religião mais hegemônica do Planeta durante a Idade Média e, ainda, o maior credo do mundo em quantidade de fiéis, contando atualmente mais de 2 bilhões de adeptos. A posição fraterna dos irmãos islâmicos“Deus é um só e Maomé é o seu Profeta”. Quanto aos nossos irmãos islâmicos, que professam a segunda maior Religião do Planeta, com aproximadamente 1,3 bilhão de fiéis, o ideal de fraternidade também se verifica presente, pois segundo o lema dos islâmicos “Deus é um só e Maomé é o seu profeta”. Al Furqan, a primeira página Islâmica em Portugal, com divulgação pela Internet anunciou: “Os não-muçulmanos são obrigados a respeitar todos os povos, indistintamente, mas, em especial aqueles que têm fé e consciência de Deus, nomeadamente aqueles que receberam mensagens de Deus. Os Judeus e os Cristãos são considerados como "povos do Livro". O Alcorão diz aos Muçulmanos que tratem os "povos do Livro" com respeito e os informem, em termos moderados, a respeito de adoração de um só Deus, e trabalhem juntos para a solução de muitos problemas existentes na sociedade. O escritor espírita Hermínio Miranda contou à Revista Além da Vida, que em sua viagem ao Egito, estava, no Cairo, em companhia de mulçumanos, visitando a Mesquita do Alabastro, acompanhado de um guia islâmico, onde tirou os sapatos e lavou as mãos, antes de entrar, conforme exige a tradição. Depois de visitar a Basílica e extasiado com a beleza arquitetônica do templo, com ricos tapetes e “maravilhoso ambiente místico”, Hermínio disse ao guia, que gostaria de ficar a sós por uns instantes para orar ali naquela Mesquita. Surpreso, o guia o interpelou: “mas o senhor não é cristão?”... Hermínio, então, explicou que o Deus que ele acreditava era o mesmo Alah dos islâmicos, apenas com nome diferente, dando, com isso, um exemplo bastante característico de ecumenismo para o seu interlocutor... “Sempre admirei a fidelidade dos islâmicos a Deus”, disse o famoso escritor. Sobre o ecumenismo ele acha que o povo de Deus deve ser reeducado, através de seus líderes religiosos, para a tolerância, advertindo que “Política e religião é uma mistura explosiva e aí está o problema, porque todas as religiões acabam fazendo política”. E concluiu: “o dia em que as criaturas aceitarem a reencarnação o mundo será outro. Dizem que é uma doutrina ‘subversiva’ porque mexe com muita coisa. Já imaginou o dia em que os políticos a compreenderem e a aceitarem? Com certeza, não fariam o que hoje estão fazendo”... A opinião favorável dos irmãos "Reformistas" (*)“Ecumenismo é uma forma de espiritualidade. Agradecemos a Deus por este despertamento”. No âmbito das demais religiões, a disposição de aproximação e diálogo não é menos significativa. Em maio de 1977, o pastor Ervino Schmidt da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), disse, na função de Secretário Executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) que “o Ecumenismo" carrega em si a preocupação de que tenhamos nossa casa como terra habitável. Ela será habitável se derrubarmos, a partir do Evangelho, todo tipo de preconceito, todos os muros de separação, e se nos empenharmos por justiça, paz e integridade da criação. (...) De maneira mais abrangente, também é empregado para designar o diálogo entre todas as religiões (...) Percebe-se, cada vez mais, que o ecumenismo é uma forma de espiritualidade. Brota do amor a Jesus e às irmãs e irmãos. Agrademos a Deus por este “despertamento”. Por sua vez, o Pastor e líder presbiteriano, Nehemias Merien, formado em teologia pela Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana , em Campinas, SP, mestre em ciências bíblicas pela Escola Bíblica de Jerusalém e pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra e considerado um dos mais notáveis presbiterianos em exegese bíblica, também foi enfático: “Penso no reconhecimento de um permanente pentecostes, deixando o Espírito agir com plena liberdade. O caminho das pedras está na fórmula de Melacthon, cérebro da reforma Protestante: “unidade no que é essencial, liberdade naquilo que é duvidoso e a caridade em todas as coisas”. Acho este o caminho do ecumenismo”. (*) expressão usada por Chico Xavier no Programa “Pinga Fogo”, em 1971, quando se referiu aos chamados fiéis “Evangélicos”, que resultaram da Reforma Protestante, no século 16, e de suas inúmeras e posteriores facções. A manifestação de boa vontade dos cultos afroEntre nós, brasileiros, as religiões que deitam raízes em culturas genuínas, como é o caso dos cultos afro-brasileiros, a disposição de boa vontade para uma aproximação com as demais religiões não é muito diferente. Pouco antes de desencarnar, em julho de 2004, aos 96 anos de idade, o mais antigo sacerdote afro em nosso País, Agenor Miranda Rocha, ou simplesmente Pai Agenor (olwuô: dono dos segredos), professor de matemática, poeta, cantor lírico e formado por antigos líderes religiosos da Bahia, na década de 1930, considerado um dos importantes e respeitados sacerdotes dos cultos afro-brasileiros, disse: “Essa aproximação das religiões só vem comprovar a existência de um só Deus. E é partindo deste ponto que devemos unir todas as religiões, porque todas são manifestações do mesmo Pai”. A Doutrina Espírita partilha do esforço de união de todas as religiõesFinalmente, o Espiritismo, uma Religião com apenas 150 anos de existência, ainda se organizando administrativamente pelo mundo, enquanto credo religioso, mas que já encontra no Brasil a maior pátria Espírita do Planeta, despertando cada vez mais novos adeptos em todo o mundo. Por ser uma cultura ecumênica universal, por excelência, o Espiritismo não poderia ser hostil às manifestações fraternas de aproximação dos demais credos religiosos porque para a Doutrina Espírita, baseada no modelo e guia, que é Jesus, toda a lei e os profetas se resumem num único mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”. E o que importa para a Doutrina de Kardec é a reforma moral do indivíduo; não a sua religião... Em artigo que subscreveu sob o título “O Caráter Ecumênico do Espiritismo”, o confrade Eduardo Medeiros disse: “Todas as religiões, tem seu ponto em comum, de pertencerem a um único propósito, cada uma a seu modo, buscando a Deus de diferentes maneiras e interpretações. Contudo, o intuito final é sempre o mesmo: entender como as coisas acontecem conosco e a finalidade real da nossa existência aqui, na Terra. Longe de conceituar-se "dono da verdade", mesmo porque ninguém o é, o Espiritismo, ou melhor, a Doutrina codificada por Allan Kardec com base nos Evangelhos de Jesus e na orientação de espíritos superiores (daí a seriedade e naturalidade da questão) não foge à essa regra, ou seja, também explica com detalhes o nosso verdadeiro objetivo de vida. O por quê de estarmos aqui, diante de todas essas desigualdades, e convida a todos, independente de sua religião - por isso é ecumênico - a entender também essas grandes verdades da vida”. Por sua vez, conhecida é a posição do cientista espírita Jorge Andréa dos Santos sobre o tema ecumenismo: “O homem precisa de um estado de religiosidade, mesmo que ele não tenha religião. E me refiro à religião constituída (...) Chegará o tempo em que os rótulos vão desaparecer. No futuro, a religião será uma só e se chamará fraternidade”. O posicionamento da Federação Espírita BrasileiraEm documento dirigido a um confrade em 14 de setembro de 2005, a Federação Espírita Brasileira (FEB), representada pelo seu presidente, Nestor João Masotti, deixou expresso o seu posicionamento sobre o Ecumenismo ao dizer que “partilhando do esforço de união entre todas as religiões, a própria Doutrina Espírita ressalta a sua importância e traz em si o condão de não só colaborar com as outras religiões, como, também, o de oferecer esclarecimentos básicos dos princípios espiritualistas em que se assentam, estimulando o convívio fraternal e solidário, embasado na lei de amor que emana de Deus e a todos orienta”. Assim sendo – prossegue o documento - “a FEB tem participado também de todo esforço voltado a esta integração ecumênica entre as pessoas que se apóiam em princípios religiosos diferentes, mas que jamais devem servir de base para conflitos de nenhuma espécie”. O aceno do mundo espiritual“Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. O tema Ecumenismo, com toda a certeza, vem ao perfeito encontro das mais nobres expectativas atuais do Plano Espiritual Superior, nessa largada histórica em que nos encontramos em direção ao Planeta de Regeneração anunciado pela unanimidade da literatura espírita. Esse ideal ecumênico foi recentemente confirmado em uma prestigiosa Casa Espírita fluminense, onde em recente sessão pública, que tinha por exposição o tema “Prece”, a mesa de trabalhos ficou rodeada de Espíritos que vestiam trajes característicos das diferentes religiões, as quais procuravam representar, irmanados no ideal superior de união, fraternidade e amor. Foi quando uma médium se viu impelida a psicografar um conhecido chavão, que constitui a saudação celestial a todos os povos de todos os tempos: “Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade”. Afinal, se as Religiões não derem o exemplo de diálogo, de fraternidade e, sobretudo, de respeito recíprocos umas com as outras, quem dará esse exemplo?... Importante notar que a mesma Igreja Católica – a maior Religião do Planeta, com 2 bilhões de fiéis - que não perdoou aqueles que divergiam de sua Doutrina durante os séculos sombrios da Inquisição, inaugurou, através do Pontífice João 23, esse movimento de aproximação de todos os credos religiosos, cabendo a cada fiel de boa vontade, seja de que religião for – segundo os que defendem esse movimento - regar essa plantinha de amor, cuja semente foi plantada às portas do novo período de Regeneração - o tempo das luzes - do qual se aproxima o atual e declinante Planeta de Provas e Regeneração.
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