quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Morte e Vida!

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Um céu estrelado, parte do Universo. Sob o negro de luzes frias e prateadas um corpo. Morto? Morto, mas vivo. Vivo, mas morto. Vivo e morto: um corpo que antes de ser corpo era matéria, transformou-se em homem, pariu valores, profanou e encantou, foi se o homem que conserva ainda sua forma junto à terra, mas perderá! Continuará sendo não homem mas outras manifestações, lentamente, imperceptível aos frágeis olhos dos homens, mas o movimento está: pedra? vegetal? animal? estrelas? planetas? – Em que oceano essagota desaguará?!

Transformações da matéria. Manifestações. Movimento: o céu na obra de arte está dizendo sem nenhum significado. Que diferença faz o corpo vivo ou morto à matéria? nenhum significado oculto subjaz entre as estrelas. Estrelas que também vão e vêm. Planetas que vão e vêm. Coisas que vão e vêm. Homens que vão e vêm. Assim caminhamos alegres à sepultura, mas revoltados. Choraram os pais e os filhos. Uma frágil nuvem de lembrança irá pairar por uns tempos, mas quem lembrarás tu ao passar de cem anos? Fotografias, páginas de revolta e de encanto, obras de arte… haverá um dia que o último vestígio de uma vida de risos e lágrimas silenciará absolutamente. Ninguém se dará conta de que neste local um homem e uma mulher com seus filhos e seu cão, todos com o seu complexo ser,caminharam e admiraram a aurora pela manhã, neste momento, onde o sangue de um homem morto é seiva em banquete de bilhões e bilhões de manifestações. Queres negar a vida? Preparas então o teu caixão lentamente meu amigo, tu irás ruminar tua vida em um suicídio lento. Mas não esqueças tu de nenhum dia pensares sobre o seu ser que vai desaguar no grande oceano sem significado se queres jubilar o seu ser.

Um dia esse exato momento haverá de retornar? Será finita as manifestações da matéria em um tempo infinito e por conseguinte tudo já foi e tudo será eternamente? Quantas vezes esse exato momento já foi? Haverá a matéria de seguir seu rumo incessantemente em suas manifestações!

Vida e morte não são antagonismos. Vida precisa de morte, e morte precisa de vida. Unimos tudo em uma palavra: movimento ou manifestações da matéria. O pensamento recusará a aceitar: temos um voluntário para morrer?

Morrer e viver são classificações que confundem. Do ponto de vista do significado tudo já está morto se se vê como não sendo mais do que manifestações da matéria. Do ponto de vista do movimento e das manifestações, absolutamente tudo está vivo. Tudo e o que foi e o que será já são possibilidades da matéria. Todo o conjunto do Saber é incapaz, absolutamente, de alterar o infindo movimento da matéria, por assim dizer, o pensamento trágico não requer para si a defesa nem o repúdio a qualquer manifestação do Saber, das teorias mais ilustres consideradas pelo homem às mais repudiadas. Ao trágico, nenhum pensamento ou conjunto de pensamentos sistematizados em teorias é intolerante nem tolerante – o tolerante é o intolerante aquilo que não faz parte do tolerável –, mas possibilidades da matéria. Qualquer ato já faz parte dos possíveis.

O Universo está em chamas!

* Imagem: reprodução da obra Falling Stars, (Estrelas cadentes), 1995, do pintor contemporâneo Anselm Kiefer.

Disponível em: http://www.eternoretorno.com/o-movimento-das-estrelas-cadentes/